CSS ouve secretária sobre pandemia e risco de colapso

por Paulo Torres publicado 03/03/2021 11h55, última modificação 15/03/2021 15h32
A CSS-Comissão da Saúde, Seguridade Social e Cidadania recebeu na terça-feira, dia 2, a secretária da Saúde, Gabriela Ravache, a qual falou do enfrentamento da pandemia. A reunião também foi acompanhada pelo presidente da Câmara, Leoclides Bisognin, o diretor-geral da pasta, Fernando Pedrotti, e a diretora do Departamento de Gestão, Diane Michely Cassaro. A secretária falou aos vereadores sobre a situação da pandemia e a indicação de colapso, além do incidente da sexta-feira, quando o infectologista José Eduardo Panini foi agredido, em episódio com repercussões em vários pontos do Brasil. A secretária relatou 15.043 casos de Covid-19, com 143 óbitos, numa letalidade de 0,95%, inferior à do país e à do Paraná, mas apontou o risco de colapso devido à alta dos casos.
CSS ouve secretária sobre pandemia e risco de colapso

Vereadores e vereadoras da CSS ouviram secretária e equipe da saúde sobre a pandemia e vacinação

IMG_9947a.JPGA CSS-Comissão da Saúde, Seguridade Social e Cidadania da Câmara de Toledo recebeu na terça-feira, dia 2 de março, a secretária da Saúde, Gabriela Almeida Kucharski Ravache, a qual falou do enfrentamento da pandemia no município nos primeiros dois meses de sua atuação. Ela foi ouvida pelos membros da CSS, presidida pelo vereador Chumbinho Silva, tendo como vice-presidente Valtencir Careca e como secretário o vereador Dudu Barbosa, além dos membros vereadoras Marly Zanete e Olinda Fiorentin. A reunião na Sala de Reuniões a partir das 15h também foi acompanhada pelo presidente da Câmara, Leoclides Bisognin, contando além da secretária com o diretor-geral da pasta, Fernando Pedrotti, e a diretora do Departamento de Gestão em Saúde, Diane Michely Cassaro, além de servidores e assessores.

A vereadora Marly Zanete questionou a secretária sobre se os pacientes em aguardo de leitos em enfermaria ficam no Mini Hospital. A secretária Gabriela Ravache disse que quando um hospital que tem leitos de UTI aceita paciente na enfermaria tem que entender que tem que ter leito disponível de UTI para um eventual agravamento, mas a regulação é feita por central de leitos e na prática o paciente é melhor atendido na origem. A médica comentou que no Mini Hospital foi ampliado o número de ventiladores e este paciente não vai ter o mesmo acesso no hospital, enquanto a demanda reprimida de UTI é outra questão. Sobre uma reativação de hospital de campanha a secretária defendeu o devido uso de recursos públicos, apontando ser necessário evitar sua destinação para local que não vai salvar vidas e afirmando que isto está sendo feito no Mini Hospital, onde se pode melhorar equipamentos e proporcionar maneira para profissionais trabalhar

e isto é melhor do que ampliar a estrutura física para enfermarias. Gabriela Ravache também disse que máscaras foram doadas na última semana por empresa grande da cidade e seu uso tem evitado que paciente seja enviado à UTI porque está sendo bem atendido no Mini Hospital.

A vereadora Olinda Fiorentin também lamentou a agressão sofrida pelo médico infectologista  infectologista José Eduardo Panini, servidor municipal como ela, e leu ofício enviado à Secretaria da Saúde e que vai apresentar na Câmara como Indicação solicitando informações sobre a vacinação em Toledo e propondo medidas para dar transparência ao acompanhamento do processo pelos que aguardam na fila. A secretária da Saúde disse que no sítio do Município de Toledo há um espaço sobre saúde onde informa qual grupo está sendo vacinado, qual faixa etária e em qual local. Ela disse entender não ser necessária a medida sugerida pela vereadora, mas se isto for votado e aceito “por óbvio que cumpriremos da mesma forma que temos cumprido outras orientações”.

 

Atividade física essencial

A CSS também apreciou o Projeto de Lei nº 9, de 2021, do Poder Executivo, que reconhece a prática da atividade física e do exercício físico como essencial à população. O relator, vereador Chumbinho Silva, fez a leitura do seu parecer favorável ao projeto e todos acompanharam o voto do relator, com o parecer aprovado por unanimidade.

Pandemia, médico agredido e colapso

A secretária Gabriela Ravache também falou aos vereadores sobre a situação da pandemia do coronavírus em Toledo e o incidente da sexta-feira, quando o médico infectologista José Eduardo Panini foi agredido, em episódio com repercussão nacional e várias manifestações de profissionais de vários pontos do Brasil. A secretária relatou 15.043 casos de Covid-19 em Toledo, com 143 óbitos, numa letalidade de 0,95%, que é inferior à do país e à do Paraná.

A médica apontou uma alta dos casos em toledo, relatando aos vereadores que o recorde anterior havia sido em dezembro, quando haviam sido feitos 90 atendimentos diários/dia, mas em 11 de janeiro atingiu-se 242 atendimentos diários e em 22 de fevereiro 340 atendimentos somente no PAM-Pronto Atendimento Municipal, no Mini Hospital. A secretária relatou que estão ocorrendo recordes em todas as unidades de referência e que a queda esperada no dia 20, dia 21, não ocorreu, levando a uma curva de casos na parte final ascendente, com a pandemia aumentando de forma rápida. A médica relatou aos vereadores 2.429 novos casos em dezembro e 2.633 em fevereiro, sendo que na véspera da reunião foram 113 casos no dia. Num quadro semanal a secretária apontou um pico de casos na semana de 21 a 27 de fevereiro com 1.062 casos contra 732 na anterior, sendo o pico anterior em dezembro, com 629 casos. A médica apontou aos vereadores que, baseado na letalidade de Toledo, 1.000 casos indicam dez óbitos devido ao quase 1% de óbitos e que os números apontam que possivelmente, “de forma triste”, não haverá leitos para internação destes pacientes.

A secretária Gabriela Ravache relatou a expansão ocorrida em leitos de UTI, apontando que a macrorregião Oeste tinha 71 leitos em maio e tem 229 agora com a última ampliação, mas mesmo assim está com 100% de ocupação. Na regional de Toledo agora são 52 leitos, contra 16 leitos no início da pandemia, relatou. A secretária apontou porém que no dia 2, às 9h, quando saiu boletim sobre a pandemia, 97,89% dos leitos de UTI estavam ocupados nas cinco regionais da Macrorregional Oeste – Toledo (20ª Regional de Saúde), Cascavel (10a Regional), Foz do Iguaçu(9a Regional), Francisco Beltrão (8a Regional) e Pato Branco (7a Regional). A médica relatou que houve uma curva abrupta na semana que antecedeu 22 de fevereiro, com a ocupação de leitos de UTI passando de 76%, 78%, para 93%, 97%, 99%. “Desde 22 de fevereiro a menor ocupação de leitos de UTI foi de 97%”, relatou a secretária aos vereadores, apontando que há 160 pacientes aguardando vagas, sendo 81 por leitos de UTI. Na 20a Regional de Saúde são 14 por leito de UTI e 24 por leito de enfermaria.

A secretária Gabriela Ravache também relatou o crescimento de casos indicados pelos testes positivos, onde o exame RT PCR teve na última semana 1.015 só no SUS em Toledo. “Recorde absoluto, nunca havíamos visto antes nada parecido com isto”, disse a secretária da Saúde na reunião da CSS. Em Toledo a porcentagem de resultados positivos é alta e na terça-feira havia 324 aguardando resultado e nos pouco mais de 500 testes que tiveram resultado a média de positivos foi de 40,8%, havendo 1.894 pacientes com coronavírus ativos no município. Segundo ela, na semana de 7 a 27 de fevereiro, houve um pouco mais de mulheres do que homens, enquanto na última semana foram 442 a 426, com média mais paritária, apontando ainda um “envelhecimento” dos casos, mas a maior parte de positivados dos 20 aos 49 anos antes, agora maior parte dos 30 aos 39 anos, enquanto só 2% dos casos atingiram pessoas do zero aos 9 anos, estimando que a incidência é de 9% entre crianças e adolescentes, não mudando mesmo com o retorno das aulas nas escolas particulares.

A secretária da Saúde Gabriela Almeida Kucharski Ravache destacou a necessidade de atenção aos sintomas mais frequentes da Covid-19 em Toledo, apontando que é preciso que se valorize os sintomas, que são dor de cabeça, tosse, dor de garganta e dor no corpo.

 

Agressão a médico

Sobre as agressões ao médico Eduardo Panini a secretária disse aos vereadores que foram muito chocantes, injustificáveis, ainda mais por conta da pandemia, afirmando que o profissional é excelente com “E” maiúsculo, sempre presente, sempre disposto, nunca negando consultoria em qualquer lugar, sendo um ser humano incrível. A secretária disse que desde a metade do ano passado convive com ele e tem muito orgulho de dizer que ele é o que está nas redes sociais, um médico incrível e ser humano incrível, com os fatos envolvendo uma questão familiar e que por isto vai respeitar a decisão dele de não expor, tendo mantido contato com sua esposa na véspera. A secretária disse que pelo motivo ter sido a pandemia e uma orientação que foi fazer isto é injustificável. Para a secretária, independente do rumo que ele quiser levar esta situação “terá nosso apoio em qualquer momento”.IMG_9951a.JPG

 

Confira vídeo com duas partes da reunião da Comissão da Saúde