Tribuna Livre critica fracking e pede medidas contra estudos

por Paulo Torres publicado 12/12/2016 16h15, última modificação 13/12/2016 10h26
A possibilidade de empresas de pesquisa sobre áreas para exploração do gás de xisto com uso da tecnologia conhecida como fracking, ou fraturamento hidráulico, virem com seus caminhões para Toledo e região depois de realizar pesquisas em Cascavel nos últimos dias motivou o uso da Tribuna Livre da Câmara Municipal nesta segunda-feira, dia 12 de dezembro. A engenheira agrônoma Rosimeri “Tika” Zilmer e o presidente da Caritas Paraná, Reginaldo Urbano Argentino, falaram na sessão da Câmara de Toledo sobre a ação das empresas e defenderam medidas legais para barrar este trabalho que pode abrir as portas para o uso do fracking na região.
Tribuna Livre critica fracking e pede medidas contra estudos

Reginaldo Argentino, da Caritas Paraná, falou aos vereadores contra o uso do fracking

A possibilidade de empresas de pesquisa sobre áreas para exploração do gás de xisto com uso da tecnologia conhecida como fracking, ou fraturamento hidráulico, virem com seus caminhões para Toledo e região depois de realizar pesquisas em Cascavel nos últimos dias motivou o uso da Tribuna Livre da Câmara Municipal nesta segunda-feira, dia 12 de dezembro. A engenheira agrônoma Rosimeri “Tika” Zilmer e o presidente da Caritas Paraná, Reginaldo Urbano Argentino, falaram na sessão da Câmara de Toledo sobre a ação das empresas e defenderam medidas legais para barrar este trabalho que pode abrir as portas para o uso do fracking na região. O fracking faz a explosão das rochas do subsolo a cerca de 3 quilômetros de profundidade seguida da injeção de água em grande quantidade e cerca de 600 produtos químicos para liberar o gás espalhado nas rochas. A agrônoma explicou que apesar da Assembleia ter aprovado lei estadual determinando a proibição deste tipo de exploração do gás de xisto no Paraná o seu artigo 3º prevê que a norma não se aplica a estudos e à pesquisa e isso está sendo usado por estas empresas para atuar no Estado nas últimas semanas.

A engenheira agrônoma disse que não é verdade que este trabalho feito por caminhões com geração de vibrações no subsolo não causa danos, pois na região Norte do Paraná isto já foi feito e houve rachaduras em casas e silos e registros de sofrimento de alevinos. A agrônoma lembrou que a riqueza de nossa terra vem do agronegócio e precisa ser defendida. Ela disse ainda que cada cidadão vai ter que pensar também sobre a ganância de um eventual ganho imediato, a falsa ideia do “dinheiro fácil”, em contraposição ao trabalho de muitos anos que fizemos e que temos estruturado gerando riqueza na região. A agrônoma ligada às ONGs Coesus e 350, que combatem o uso do fracking, disse que se não tivermos uma lei municipal imediata na semana que vem não adianta, pois os caminhões vêm e fazem o trabalho deles e vão embora, pedindo apoio dos vereadores. Tika Zilmer defendeu porém que não se parta para o enfrentamento, defendendo que se aja na legalidade e lembrando que os caminhões têm usado as BRs em seu trabalho justamente porque sobre elas os municípios não têm poder legal. “A luta é justa , honrada e agradeço a presença de cada um aqui”, afirmou Tika Zilmer.

Reginaldo Urbano Argentino, da Caritas Paraná, disse que esteve na Argentina semana passada, lembrou a visita de vereadores toledanos ao país vizinho e disse que Toledo tem sido referência nesta luta. Ele também afirmou que, ao contrário do que diz a indústria do fracking, a exploração não é feita com os cuidados que falam e na Argentina pode ver pastilhas de urânio expostas a céu aberto a 50 metros de onde estava. Ele disser que teve contato com pessoas com problemas gastrointestinais sérios, problemas de pele e outros devido ao uso do fracking no país vizinho. Reginaldo disse que foi protocolado junto ao governo estadual para que seja revisto o artigo 3º da lei estadual proposta por 7 deputados, entre os quais o toledano José Carlos Schiavinato, para que possamos ficar livres também dos testes sísmicos feitos pelos caminhões a serviço da Agência Nacional de Petróleo, que detém os direitos sobre o subsolo em nome da União e leiloou áreas em Toledo e outras regiões para exploração do gás de xisto com fracking. Para isso a Caritas também iniciou diálogo com uma frente parlamentar na Assembleia Legislativa do Paraná visando a proibição e não a suspensão do fracking e nesse sentido acredita que a sociedade pode contar também com o apoio dos vereadores de Toledo.

O presidente da Caritas Paraná disse que manteve mais de 150 audiências e reuniões públicas e mais de 200 leis foram aprovadas tendo sempre Toledo como referência pelos municípios que buscam ficar livres do fracking. Reginaldo Urbano Argentino lembrou ainda o papa Francisco, que defende que a busca por energia contemple as energias alternativas, afirmando que o Brasil não precisa da energia do fracking e que nossos filhos e netos precisam da terra e água que temos em condições de eles usarem.