Tribuna Livre abre espaço para debate da diversidade

A Câmara Municipal de Toledo abriu a Tribuna Livre na sessão de segunda-feira, dia 18, para o presidente do Centro Regional de Direitos Humanos do Oeste do Paraná Luiz Carlos Gabas, reverendo da Igreja Anglicana, além do representante do Coletivo LGBT Espaço da Diversidade Wesller Nascimento. Eles manifestaram-se em torno do latrocínio no último dia 8 do estudante Eduardo Serenini de Moura, o “Dudu”, que integrava o Espaço da Diversidade. A participação foi acompanhada pelos pais de Dudu, Maurício e Terezinha e a irmã Bruna, que receberam a solidariedade de vários vereadores na tribuna. O reverendo defendeu a tolerância e criticou os que extraem partes da Bíblia para reforçar preconceitos. “Deus é maior do que a Bíblia”, disse o reverendo, apontando que ela tem seus limites, porque foi concebida a partir da visão de um povo.

O reverendo Luiz Carlos Gabas apontou que Jesus Cristo foi capaz de ir além da Bíblia, graças à visão muito mais ampla de acolhida, que foi capaz de contemplar a mulher, o estrangeiro, que não tinham acolhimento nela. É importante para termos uma sociedade melhor darmos uma contribuição extraindo dos textos sagrados coisas boas, construtivas, apontou o reverendo. “A diversidade não é prejuízo para o mundo, é uma riqueza imensa”, afirmou Gabas, para quem Deus fez a diversidade como algo importante para nós seres humanos e também para toda a criação.

Wesller Nascimento apontou que vivemos um período de grande retrocesso, com o avanço das pautas conservadoras, mas disse que “o medo não nos cabe”. Para ele o crime que vitimou Dudu não é apenas latrocínio em função da violência envolvida na execução do estudante e apontou que ela atemoriza o segmento LGBT, questionando quantos casais homossexuais não podem sair de mãos dadas em Toledo por não se sentir seguros. Ele porém disse que a violência não intimidará o segmento. “Se nos jogam aos leões voltaremos com um colar de dentes”, afirmou o representante do Coletivo LGBT Espaço da Diversidade.

O presidente interino da Câmara, Walmor Lodi, disse que os vereadores não têm nada contra o segmento e têm respeito por ele, abrindo um debate a partir de manifestação do vereador Adriano Remonti questionando posições a respeito na Casa diferentes da manifestada. Posteriormente o vereador Genivaldo Paes, que é policial civil, foi à tribuna e disse que após a prisão dos dois menores autores do latrocínio – que se apossaram de R$ 500,00 que Dudu tinha com ele e de seu carro, levado ao Paraguai - o inquérito foi concluído e remetido ao Ministério Público, mas as investigações continuam.