Empreiteira fala de mudanças no HR e cobra R$ 250 mil

por Paulo Torres publicado 08/08/2018 16h50, última modificação 09/08/2018 09h52
A CPI que apura denúncias em torno da obra do Hospital Regional ouviu nesta quarta-feira, dia 8, diretores da empreiteira Endeal Engenharia, que construiu o HR, além de engenheiro civil que atuou na construção. A CPI ouviu a sócia-administradora da Endeal, Silmara Fancher, em seguida o engenheiro civil Nalmir Fontana Feder, sócio da Endeal, e o engenheiro civil Douglas Sinclair, que atuou na obra em Toledo. Nalmir Feder questionou vários dados da auditoria, disse que a empresa atua há 35 anos e se dispõe a suprir eventuais ajustes, desde que num TAC-Termo de Ajuste de Conduta com a participação do Ministério Público.
Empreiteira fala de mudanças no HR e cobra R$ 250 mil

Engenheiro entrega resumo cronológico da obra do HR de Toledo aos vereadores da CPI

 

 

IMG_3465a.JPGA CPI da Câmara de Toledo que apura denúncias em torno da obra do Hospital Regional ouviu nesta quarta-feira, dia 8 de agosto, diretores da empreiteira Endeal Engenharia e Construções Limitada, que construiu o HR, além de engenheiro civil que atuou na construção. A Comissão Parlamentar de Inquérito ouviu a sócia-administradora da Endeal, Silmara Fancher, em seguida o engenheiro civil Nalmir Fontana Feder (foto ao lado), sócio da Endeal Engenharia, e o engenheiro civil Douglas Sinclair, que atuou na obra em Toledo. A assistente social e sócia administradora da empreiteira disse que a Endeal construiu ou está construindo obras para o Tribunal de Justiça mineiro em Araxá-MG, para o TJ paulista em Bauru e São José dos Campos, o Mercado Municipal de Curitiba, duas penitenciárias, inclusive a de Joinville, além de obras do Sesc e Senat em Lajes-SC e União da Vitória, além do Senai em Toledo. Já o sócio Nalmir Feder questionou vários dados da auditoria, disse que a empresa atua há 35 anos e se dispõe a suprir eventuais ajustes, desde que num TAC-Termo de Ajuste de Conduta com a participação do Ministério Público.

Silmara Fancher (foto à dir.) disse que a obra tem garantia de execução de 5 anos, tendo sido entregue em 2015. Ela atua na EndeaIMG_3451a.JPGl desde 1999 e relatou a existência de uma ocorrência registrada pelo engenheiro Nalmir discorrendo sobre a necessidade de legalização de vários serviços extras. “Não recebemos o reajuste contratual e vários serviços executados que protocolamos e não recebemos”, disse aos vereadores. Segundo ela, em 2015 foi feito um termo provisório de entrega da obra e depois uma vistoria que motivou pedido de repintura. No final de 2015, início de 2016, foi conseguido fazer o termo de recebimento, tendo sido adquiridos R$ 15 a R$ 20 mil em cabos para reposição para entrega do Hospital Regional. Ela disse ainda aos vereadores que os projetos iniciais foram fornecidos de forma errônea e só em 2013 receberam o projeto executivo, respondendo ao vereador Ademar que acredita que o projeto executivo não foi o mesmo licitado, pois só foi recebido em 2013, no início dos trabalhos.

Já o engenheiro civil Nalmir Fontana Feder disse na CPI que 4 ou 5 empresas participaram da licitação em 2012 mas que alguns dos projetos eram de 2002. Segundo ele o projeto estrutural do HR, o projeto elétrico, não batiam com o projeto arquitetônico. “Nada batia com nada”, disse o engenheiro, afirmando que o gestor na época queria a obra no prazo para inaugurar e que talvez este tenha sido o grande problema. Segundo ele, o projeto arquitetônico foi enviado à Anvisa-Agência Nacional de Vigilância Sanitária e ela pediu mudanças, mas todos os demais projetos eram feitos em cima dele. Apesar disso o engenheiro disse que equipe com engenheiros e arquitetos do Ministério da Saúde visitou várias vezes o Hospital Regional e a obra foi elogiada como sendo das mais bem feitas, além do Tribunal de Contas da União também ter vindo várias vezes verificar.

Segundo ele, após a licitação em 2012, em 2013 a empresa recebeu projetos novos do Corpo de Bombeiros e elétrico, mas eles continuavam errados e precisaram ser feitos ajustes como um novo piso antiderrapante na rampa. O engenheiro disse que por conta destes ajustes a Endeal teria mais de R$ 50 mil para receber e tem tudo documentado. Ele trouxe uma caixa de documentos e disse que no total são 8 caixas, entregando um resumo de algumas páginas sobre a obra e as questões apontadas pela auditoria. Disse que de 2012 a 2015 a obra teve 3 fiscais definidos pela Prefeitura de Toledo, sendo que o que ficou mais tempo foi o engenheiro Jesus. Nalmir disse que na conclusão fez 84 fotos da obra e as entregou à CPI em CD, juntamente com resumo cronológico do trabalho feito. “Após a Lava Jato empreiteiro é tudo ladrão”, desabafou o engenheiro, afirmando que a empresa passará a fazer ata notarial registrada em cartório para não passar pelo que está passando em Toledo.

O problema é o abandono desta obra”, disse o engenheiro, apontando que a Endeal se dispõe a fazer ajustes se houver acordo com a participação do Ministério Público e não abrindo mão de cobrar as diferenças, que incluíram 206 m² construídos a mais do que o contratado. São R$ 250 mil de diferença, considerando R$ 370 mil de serviços extras e R$ 120 mil de serviços suprimidos, segundo ele, apontando porém um prejuízo à Endeal de R$ 1,5 milhão. O empresário disse que no Brasil se dedica 6 meses aos projetos e 3 anos à execução, enquanto no Japão é o contrário. Ele disse ainda que a obra civil é a parte mais barata e que a manutenção de uma obra como o Hospital Regional não é para qualquer município.

 

Lâmpadas, macas e elevador

Já o engenheiro Douglas Sinclair (foto à dir.) disse que acompanhou a obra de 2012 a 2014 e depois do final de abril a junho deIMG_3485a.JPG 2016 e que pequenos furtos são normais em obra. Já sobre o registro de 2016 da Guarda Municipal disse que foi cerca de 60 dias após recebimento da obra mas que é normal problema no sistema de água sem uso na sua repressurização. Ele no entanto questionou o registro da ocorrência na Guarda Municipal, apontando que este tipo de cabo pesa 1,4 a 1,5 quilo o metro, foi instalado em 60 dias por uma equipe de eletricistas e não pode ser transportado numa caminhonete HE com capacidade para mil quilos no máximo, além do corte do cabo exigir no mínimo uma esmerilhadeira, levando um dia inteiro se usada uma serrinha. Para ele é quase impossível levar o volume de material apontado naquele dia.

O engenheiro respondeu ainda que os botijões do sistema de gás foram comprados, “mas se deixar lá anoitece e não amanhece”. Da mesma forma o sistema de aquecimento solar foi deixado em cima da laje para proteger as placas e as lâmpadas funcionam com reatores bivolts, podendo operar tanto em 120 como em 220 Volts mediante adaptação. Ele disse ainda que as macas não passariam do centro cirúrgico para a enfermaria pelo tamanho das portas, que foi alterado, e o elevador teve que ser redimensionado pois não passaria uma maca no projeto original, mas as mudanças foram expostas a uma comissão, tendo sido adequado também o poço do elevador, entre outros questionamentos e esclarecimentos.

Acompanhe a íntegra dos depoimentos em vídeo da reunião da CPI do HR