CPI ouve guarda sobre ocorrência, auditor do HR e secretária

por Paulo Torres publicado 23/08/2018 14h35, última modificação 27/08/2018 11h16
A CPI que apura denúncias em torno da obra do HR ouviu no dia 22 o guarda Evaldo Mensch, que registrou a retirada de material da obra, além do primeiro auditor, engenheiro elétrico Márcio André Wathier e a engenheira civil Maísa Kuhn Fazzollari, secretária de Planejamento Estratégico. O guarda disse que acionou a central e os dois homens da Endeal estavam junto ao elevador, sendo um dentro e o outro serrando cabos e solicitou viatura para o flagrante. A CPI aprovou depoimentos dos dois outros guardas que acompanharam a ocorrência e requerimento à Endeal sobre a identidade dos funcionários.
CPI ouve guarda sobre ocorrência, auditor do HR e secretária

Guarda relatou ocorrência de retirada de cabos da obra do Hospital Regional

  

IMG_3637a.JPGA CPI da Câmara de Toledo que apura denúncias em torno da obra do Hospital Regional ouviu nesta quarta-feira, dia 22, o guarda municipal Evaldo Mensch, que registrou no livro de ocorrências a retirada de material da obra, além do primeiro auditor da obra, engenheiro elétrico Márcio André Wathier (à esq.), servidor municipal, e a engenheira civil Maísa Kuhn Fazzollari (à dir. abaixo),secretária de Planejamento Estratégico da Prefeitura de Toledo. A reunião da CPI contou com seus membros e também os vereadores Airton Savello e Olinda Fiorentin, além do assessor de Governo Carlos Alberto Piacenti e do ex-secretário de Saúde, Edson Simionatto.

O registro de furto na obra foi em 18 de agosto de 2016 e o guarda Mensch relatou aos vereadores da CPI presentes às 9:15h – o presidente Walmor Lodi, o vice-presidente Gabriel Baierle, a relatora Janice Salvador e o membro Antônio Zóio -, que informou à central da Guarda Municipal a existência de um vazamento e foi acionada a Endeal Engenharia. Dois funcionários vieramIMG_3639a.JPG numa caminhonete HR pouco depois das 14h e ele os encaminhou ao local, relatou, dizendo ainda que depois de algum tempo e diante do silêncio foi verificar o que faziam e não os encontrou. Em ronda ele viu do segundo piso que eles estavam em outro local, junto ao gerador, colocando rolos de cabos dentro do caminhão. O guarda disse que um segurava e o outro cortava com serrinha na parte do túnel perto do gerador e viu a cena nitidamente do segundo piso.

O guarda disse que acionou a central e os dois homens da Endeal estavam junto ao elevador de manutenção, sendo um dentro e o outro serrando cabos. Mensch disse aos vereadores que os homens não o viam e solicitou viatura ao supervisor Elder para o flagrante. O guarda relatou que conversou com o engenheiro Jesus e após cerca de 15 minutos sem a viatura voltou a contatar e o secretário Moisés Bayer teria dito que não havia nada a fazer e o engenheiro da empresa estaria vindo de Cascavel. Minutos depois a viatura chegou com os guardas Da Silva e Peliciolli e o engenheiro da empresa foi contatado novamente e disse que os dois funcionários enviados eram de confiança e não havia nada a fazer. Após o novo contato com a central e diante da chegada da viatura, que anteriormente havia sido cancelada, o guarda disse que havia visto o caminhãozinho seguindo pela rua paralela à obra e seguiu com os dois outros guardas pela via e foram ao Coopagro, onde sabia da existência de um ferro velho. No local o caminhãozinho foi localizado no ferro velho, mas já estava saindo e o guarda Mesch disse que não pode ver dentro de sua caçamba se ainda havia cabos, pela altura do veículo em relação à viatura.

O guarda Mensch disse ainda que ele e os guardas Da Silva e Peliciolli estavam desarmados e que como o local tem elementos de periculosidade retornaram ao Hospital Regional, onde o secretário Moisés Bayer já havia chegado. Mensch relatou ainda aos vereadores na CPI que somente após alguns dias deste ocorrido a Endeal entregou as chaves do Hospital Regional, as quais estavam todas numa caixa mas sem identificação. O vereador Ademar Dorfschmidt chegou à reunião e disse que estava no Fórum tratando de assunto de interesse do Município, comentando porém que se estava desviando o foco da CPI em torno de fios.

A CPI também ouviu o engenheiro elétrico Márcio André Wathier, servidor municipal, que relatou que no HR há três painéis das instalações elétricas, mas apenas dois com todos os itens, sendo que no primeiro e segundo os cabos foram passados e estão lá os cortados, enquanto no terceiro havia indícios de que nunca foram instalados. O engenheiro disse que embora não se possa ver dentro das instalações se há cabos pode-se ver as extremidades, em cada sala. Ele também disse que de 20 disjuntores só 10 tinham saída de circuitos, além de dez saírem para luminárias e que os agrupamentos podem tornar as redes mais sensíveis a quedas de tensão, mas apenas ligando pode-se verificar. O engenheiro relatou que o projeto foi alterado para compatibilizar com 3 geradores porém alertou que cada alteração tem consequências, dando como exemplo a capacidade dos cabos, que pode motivar quedas de tensão maiores, prejudicando os equipamentos, que às vezes têm menor capacidade de suportar isto. Segundo ele, é feito um dimensionamento maior para suportar isso e assegurar vida útil maior aos equipamentos.

O engenheiro também falou das lâmpadas e disse que eram todas de 127 Volts, mas as redes do HR são de 380 e 220 Volts, comentando sobre o questionamento da Endeal à auditoria de que os reatores são de dupla voltagem que lâmpadas compactas não têm a opção de troca de voltagem. No depoimento o auditor foi questionado diversas vezes pelo vereador Ademar Dorfschmidt sobre o relatório e pontos do documento, com exigência de sua leitura completa, mas durante seu andamento chegaram o advogado do Sindicato dos Servidores, Márcio José Gnoatto, além de vários servidores, e a secretária-geral da entidade, Marlene da Silva, questionou a condução da oitiva. Após consulta à assessoria jurídica da Câmara, através do advogado Eduardo Hoffmann, e manifestação da posição do Supremo Tribunal Federal sobre depoimentos o advogado Márcio José Gnoatto orientou o engenheiro a não se manifestar mais devido ao seu nervosismo e aos direitos previstos pelo STF.

Também foi ouvida a engenheira civil Maísa Kuhn Fazzollari. secretária de Planejamento Estratégico, a qual relatou ter atuado anteriormente na Prefeitura de Toledo de 2005 a 2011, tendo pedido exoneração em outubro de 2011. A secretária relatou visita que fez com comissão ao Hospital Regional em março de 2017, após seu retorno à Prefeitura de Toledo, quando foi visto que “muitas coisas não estavam 100%”. A secretária foi indagada pela vereadora Janice Salvador se uma reprogramação era possível na época ou se o objetivo da obra estava muito distante e disse que após a visita e diante do limite da Lei de Responsabilidade Fiscal de até 25% quanto a novos gastos em obras licitadas não havia condições de prosseguir.

A secretária disse ainda sobre a empresa Pro Saúde que não participou do processo licitatório e que mais informações e outros detalhes de datas e processos solicitados pelos vereadores podem ser fornecidos posteriormente à CPI, mediante consulta a documentos. A secretária também falou da auditoria da obra e justificou que foi uma decisão tomada diante da necessidade para levantar o que era necessário para deixar o Hospital Regional funcionando, pois sabia-se que havia problema estético mas viu-se que a Copel nuncia havia sido chamada para ligar a rede elétrica, nem a Sanepar a parte de água e o Corpo de Bombeiros também não havia tido solicitada vistoria. Maísa Kuhn Fazzolari disse que o projeto elétrico havia sido aprovado e se imaginava que a obra tinha o “habite-se” mas havia muitas incompatibilidades e seria necessária nova licitação, daí a decisão pela auditoria,

Guardas e funcionários da Endeal

A CPI da Câmara de Toledo também apreciou requerimentos dos vereadores solicitando novos depoimentos e providências e todos foram aprovados por unanimidade. A vereadora Janice Salvador solicitou a oitiva dos guardas municipais Claudemir da Silva Oliveira e Alexandre Biggi Delfim Peliciolli, além de solicitação aos engenheiros Nalmir Feder e Douglas Sinclair, da Endeal Engenharia, do nome e endereço dos funcionários enviados à obra do Hospital Regional para o conserto do encanamento em 18 de agosto de 2016. A vereadora Janice Salvador também requereu ao engenheiro Nalmir Fontana Feder detalhes sobre as afirmações feitas à CPI em 8 de agosto sobre as pessoas que compuseram a equipe multidisciplinar de engenheiros, médicos, enfermeiros e outros que receberam a obra, além da Secretaria de Obras e Secretaria de Saúde. Segundo ele esta comissão recebeu a obra sem ressalvas e com 206m² a mais e o TCU também acompanhou.

Confira a íntegra da reunião da CPI do HR