Audiência quer integrar esforços contra drogas

por Paulo Torres publicado 03/12/2014 09h27, última modificação 03/12/2014 09h28
“Não podemos perder nossas crianças e nossos jovens para as drogas”, disse o presidente do Comad-Conselho Municipal Anti-Drogas, Celso Lagni, na audiência pública da Câmara Municipal para discutir as drogas ilícitas no município. O evento reuniu vereadores, autoridades, lideranças e profissionais da educação, saúde e assistência social e definiu a necessidade de integrar os esforços existentes em várias frentes. Coordenada pela Comissão Especial da Câmara presidida por Ademar Dorfschmidt e tendo como relator Luís Fritzen, além, dos membros Leoclides Bisognin, Paulo dos Santos e Adelar Holsbach, a audiência debateu durante mais de duas horas. “Tenho a sensação a cada dia mais latente de que estou enxugando gelo”,disse o juiz da Vara da Infância e Adolescência Rodrigo Rodrigues Dias, que provocou a audiência pública ao relatar à Câmara sua preocupação com o quadro das drogas no município.
Audiência quer integrar esforços contra drogas

Autoridades, entidades e profissionais discutiram a situação e propuseram medidas




“Não podemos perder nossas crianças e nossos jovens para as drogas.” A afirmação foi feita na audiência pública da Câmara Municipal sobre a questão das drogas em Toledo, pelo presidente do Comad-Conselho Municipal Anti-Drogas, Celso Lagni. O evento reuniu vereadores, autoridades, lideranças e profissionais da educação, saúde e assistência social para discutir a questão e definiu a necessidade de integrar os esforços existentes em várias frentes. Coordenada pela Comissão Especial da Câmara presidida por Ademar Dorfschmidt e tendo como relator Luís Fritzen, além, dos membros Leoclides Bisognin, Paulo dos Santos e Adelar Holsbach, a audiência nas noite de quinta-feira, dia 9, iniciou às 20h e debateu durante mais de duas horas. “Tenho a sensação a cada dia mais latente de que estou enxugando gelo”,disse o juiz da Vara da Infância e Adolescência Rodrigo Rodrigues Dias, que provocou a audiência pública ao relatar à Câmara Municipal em ofício sua preocupação com o quadro das drogas no município.

Articulação no atendimento

O juiz disse que no ambiente desses jovens a família com pai e mãe é rara e há quase que

um medo de voltar para casa ao serem atendidos devido à realidade em que estão inseridos, apontando elevado índice de atendimentos a adolescentes infratores nos bairros Europa e Coopagro. Destacando “a sorte e honra de trabalhar com pessoas extremamente capacitadas” o juiz indicou porém a necessidade de um atendimento em rede, articulado, pois não sabe o que pensa a saúde, a escola ou a assistente social, destacando que atende um adolescente em conflito com a lei e em alguns dias ou meses ele está de volta à sua frente. O juiz Rodrigo disse que o jovem que comete ato infracional tem uma estrutura de apoio muito maior do que aquele que não cometeu, mas mesmo assim há reincidência. Ele citou o caso de um garoto atendido por homicídio que 13 dias depois de ser liberado retornou por roubo e disse que vive a angústia de ter uma obrigação com o adolescente e não conseguir se desincumbir dela, o que tem motivado pedidos de apoio a autoridades de diversas esferas e até à Secretaria Nacional de Direitos Humanos.

“Se não integrarmos os esforços não vamos ter resultados”, alertou o professor Ildo Bombardelli, do 27º Núcleo Regional de Educação, afirmando que“estamos andando em círculos”. Ele citou os casos de agressões e briga na família dos estudantes que se percebe nas escolas e defendeu que a sociedade deve agir para não sofrer as consequências.“Temos que tomar uma atitude em cima disso porque os prejudicados somos nós”, afirmou o professor.

Bebidas nas ruas

O promotor Hugo Evo Magro Corrêa Urbano defendeu que o Legislativo deve fiscalizar o que está acontecendo e ver porque não estão ocorrendo resultados. Para ele o problema está sempre se agravando e é necessária uma posição mais firme diante dele. O promotor defendeu que seja adotada em Toledo uma medida como em Guarapuava visando evitar que as drogas lícitas estimulem o consumo das ilícitas. Para ele é preciso melhorar o ambiente na cidade, evitando o contato do jovem e o estímulo ao consumo nas ruas, especialmente no Parque Ecológico. “O lago está tomado de pessoas abusando de álcool, que é um catalisador para a maconha, cocaína e crack”, afirmou ele, defendendo que seja coibido o consumo de bebidas em público, como foi feito em Guarapuava, inclusive com o apoio do comércio. Para o promotor todos ganham com isso e o ambiente melhora, sendo uma ação simples com bons efeitos.

Para o juiz Rodrigo Rodrigues Dias é preciso somar forças e buscar apoios e nesse sentido ele destacou o papel do professor. Ele lembrou a responsabilidade social do profissional, que não pode limitar-se a repassar conteúdo, destacando a necessidade de envolvimento e soma de esforços na sociedade contra o problema. “As coisas têm que ser articuladas”, defendeu ele, pregando a união de forças da Prefeitura, entidades sociais e outros agentes e inclusive a elaboração de políticas a respeito. Para o juiz o tema precisa de atenção de todos e deve ser incluído inclusive em programas de governo dos candidatos. Na audiência foi definido que uma comissão das autoridades e entidades participantes vai reunir e encaminhar propostas visando iniciar uma atenção diferenciada à questão das drogas ilícitas ente os jovens em Toledo.